Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento (Mtb 35.079/SP.)
Globalismo e terrorismo não possuem diferenças fundamentais, como quer nos convencer a intelligentsia da mass media mundial. São estruturas de poder e, como tais, são autoritárias. É por isso que vivem se massacrando e se violentando o tempo todo. A alteridade, atualmente, é a única força capaz de questionar esses poderes existentes em todos os lados.
Num de seus discursos pela paz no Oriente Médio, Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel, assassinado, em 1992, por militante judeu de extrema direita, asseverou que mais do que defender o direito de igualdade, era preciso criar as condições para o exercício da diferença.
Palavras sábias, mas preocupantes, pois esse homem também sabia que não estava no horizonte de expectativa, quer do Ocidente quer do Oriente, quer dos países ricos, quer dos países pobres, o esforço necessário para a consecução de tal projeto de democratização universal.
Chegamos ao terceiro milênio e constatamos que não aprendemos com a História a lição de visualizar o lugar do Outro entre nós. Prever o espaço do Diferente na nossa tribo é a única forma de existência de uma cultura inclusiva e tolerante.
O globalismo e o terrorismo, cada qual com o seu fundamentalismo, que se resume no princípio “do que é bom para mim…é bom para mim mesmo”, fazem senão abolir as diferenças existentes, bem como destruir as condições do seu vir a ser.
O globalismo, com o seu megalomaníaco projeto de transformar cada ponto do planeta num gueto de capitalismo exacerbado, e o terrorismo, com a sua lógica autocentrada de fechamento e emudecimento político, étnico, sexual e religioso, acabam abolindo a dimensão histórica e existencial do ser no mundo, em nome da promessa de um paraíso de consumo desenfreado, no caso do primeiro, ou de salvação espiritual, no caso do segundo. Projetos assim são inviáveis, pois neutralizam os possíveis da vida.
Projetos desse tipo devem, portanto, ser combatidos por todos que acreditam e defendem a polissemia do ser humano, ou que sustentam a dialogia das relações sociais, ou que sabem ouvir as vocalizações das culturas, ou ainda por todo aquele que vê a vida como um compromisso ou comunhão com o Outro.
É apenas na afirmação da diferença que resplandecerá um mundo de paz e vida. É impossível florescer vida na unicidade, no monólogo, na superfície cinza. É na relação que está a condição do Eu; é apenas na interação com O de Dentro e com O de Fora que o ser pode existir. Tudo mais é superficial. Existe, mas na condição de simulacro, ou de máscara, ou de promessa. Temos que estar atentos a essas ideias de paraísos globais de consumo, de salvação imediata e de demais ficções que o globalismo e o terrorismo não cessam de secretar.
Obs: Este texto, escrito há mais de 20 anos pelo camarada José Apóstolo Netto, faz parte do Capítulo Amigos, do livro Ninguém consegue deter a primavera, de minha autoria Como a mensagem inserida nele é atualíssima, resolvi trazê-lo de volta para que possa ser analisado pelos meus poucos, mas fiéis leitores.