Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento (Mtb 35.079/SP.)
Aos pretendentes da bela Caetana é um artigo que publiquei em fevereiro de 2003, mas, tirando as datas, continua atualíssimo. Por essas e por outras, no início desta semana, um amigo me chamou de “Grande Vidente”. A propósito, o culto e “oculto” amigo também acredita que erros crassos se tornaram recorrentes na política adamantinense. Dito isso, recordemos o texto que foi publicado há 21 anos.
“Quem deseja disputar as eleições de 2004 tem sete meses para se filiar a um partido. Apesar de parecer muito tempo, não é bem assim. Prova disso é que muitos pré-candidatos já estão gastando seus neurônios na tentativa de identificar que grupo oferece mais chances no jogo sucessório.
Para ajudá-los, vamos, mais uma vez, recorrer à história; agora à Guerra dos Farrapos (1835/1845). Da revolta sulista, que tentou estabelecer a República Rio-Grandense, três personagens podem auxiliar os indecisos nesse momento difícil: Bento Gonçalves, Caetana e Bento Manoel.
Gonçalves, o grande líder do movimento separatista, não se vendeu nunca, apesar das propostas tentadoras do Império. Foi fiel a todos, menos a si próprio. Morreu pobre e esquecido, dois anos depois da guerra. Ainda assim, foi um homem feliz, amou e foi amado pela esposa Caetana. Como reconhecimento da luta pelos seus ideais, hoje uma cidade gaúcha tem o seu nome. Caetana ficou ao lado do marido em todos os momentos, bons ou ruins. Poderia ter mudado o rumo da história, mas preferiu a fidelidade. Tornou-se símbolo de força e poder no Sul do Brasil.
Já Bento Manuel, o maior estrategista militar do conflito, ao contrário de Bento Gonçalves, traiu a todos, menos a si mesmo. Também amou Caetana, mas nunca foi correspondido. Por conta disso, mudou de lado quatro vezes durante os dez anos de guerra. Em consequência, seu nome ainda hoje é repudiado nos pampas gaúchos.
Dessa história cheia de amor e ódio, de fidelidade e traição, ficaram lições que podem servir para orientar os pretendentes aos cargos de vereador e prefeito. Daquela época até os nossos dias, houve mudanças em quase tudo, menos numa coisa: a fidelidade às causas e às pessoas continua a ser reverenciada por todos, e a traição, jamais deixou de ser vista como um dos comportamentos mais asquerosos do ser humano.
Com os recentes acontecimentos políticos da cidade, muita gente ficou identificada com Bento Gonçalves, outros tantos com Bento Manoel. Quem quiser conquistar a bela Caetana em Adamantina tem que se afastar dos bentos manoéis. E rápido.”
Como o leitor deve ter percebido, a mensagem do antigo artigo é mesmo atual. Mas existem diferenças entre ser/parecer e aparecer, pois, há quem seja, apenas parece e não aparece; por isso quem disse que pediria desculpas se estivesse errado, que o faça antes que seja cobrado. E que os assessores políticos que menosprezam os esquerdistas saibam que 25% dos eleitores da cidade se identificam com a esquerda.