Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento (Mtb 35.079/SP.)
Eu já disse uma vez e vou repetir. No paraíso não havia verão, então não era devido ao calor que Adão andava pelado. Ele o fazia porque a natureza estava intacta. Quando a ingênua curiosidade de Eva fez os dois perderem a proteção divina, acabou a vantagem do clima agradável e homogêneo na terra. Nasciam o calor e o frio, as secas e as enchentes e, claro, a primeira comissão de inquérito, formada por anjos e arcanjos, para julgar os pecadores. Resultado, adeus Jardim do Éden.
Em seguida, alguns homens, erradamente, passaram a não se sentir parte da natureza. Depois dessa insana ruptura, o meio ambiente começou a ser agredido com muita frequência. Foi assim que começou a contaminação das águas superficiais, do lençol freático, do ar e do solo. Com o passar do tempo, as coisas só foram piorando. No início do século passado, por exemplo, surgiu no Estado de São Paulo uma região que mais tarde receberia o nome de Nova Alta Paulista. Nela, a natureza é violentada pelo homem desde o início da colonização.
Segundo pesquisadores conceituados, dos cerca de 4 mil indígenas da etnia kaingang que habitavam essa região em 1895, só restavam 173 em 1916. Esse genocídio, patrocinado pelo governo do Estado, por si só, deveria explicar muitas coisas para aqueles que ousam se enveredar pela história da antiga Zona da Mata. No entanto, salvo poucas exceções, prevalece nos registros oficiais a versão contada pelos “vencedores”. De qualquer forma, depois do massacre dos indígenas veio a exploração desenfreada da terra e as suas consequências.
Hoje em dia a maioria dos nossos córregos são filetes de águas contaminadas por esgotos urbanos e produtos químicos, com pouca ou nenhuma mata ciliar para protegê-los do assoreamento. Os poços profundos das empresas que fazem o abastecimento das cidades estão cada vez mais profundos para poderem cumprir com a sua missão, o que deveria ser interpretado como um pedido de socorro do lençol freático. Em alguns municípios, a falta de água se tornou um problema recorrente.
Enquanto isso, as ações dos administradores públicos se resumem a cuidar da pulga, quando na verdade deveriam cuidar do cachorro. A questão ambiental deve ir além de reuniões infrutíferas nos bairros afetados pela falta de água, que, por sinal, só acontecem por questões políticas. A mesma coisa pode ser dita em relação a empresa que aos finais de semana costuma poluir o ar com uma insuportável carniça em Adamantina. Fazer reuniões com representantes deste tipo de empreendimento não servem para nada, a não ser para fazer demagogia barata nas redes sociais.
Por outro lado, são louváveis as iniciativas escolares que ensinam às futuras gerações que devemos respeitar o meio ambiente. Se bem que recolher lixo às margens dos córregos no perímetro urbano é dever da prefeitura. Detalhe. O poder público deveria fazer análises periódicas nas águas dos córregos que cortam Adamantina. Fazendo isso poderia evitar muitas coisas, inclusive o risco de crianças/alunos serem contaminados por metais pesados e produtos químicos como o perigoso solupan.
Enfim, caro leitor, começamos pelo paraíso, passamos pela colonização da Nova Alta Paulista e encerramos na Cidade Joia. Transformar água em vinho só Ele conseguiu, todavia, recuperar córregos contaminados e devolver água limpa à natureza está no alcance da humanidade. E não nos esqueçamos nunca que o sangue kaingang irrigou as terras dos primeiros cafezais do Oeste Paulista, cafezais estes que geraram fortunas aos “barões do café” suficientes para construir suntuosos palacetes na Avenida Paulista, em São Paulo.