Após uma sessão do Tribunal do Júri que se estendeu por cerca de 17 horas — iniciada na manhã de segunda-feira (17) e concluída na madrugada desta terça (18) — os adamantinenses Matheus Augusto Drago Schnoor e Richard Bortolo Júnior foram condenados pelo assassinato de Everton Marcelo dos Passos, conhecido como Xuxa ou Xuxinha, crime ocorrido em setembro de 2022.
O Conselho de Sentença reconheceu o homicídio como triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), além da ocultação de cadáver.
As penas aplicadas foram de 29 anos e 2 meses de reclusão para Richard e 25 anos e 10 meses para Matheus, ambas em regime inicial fechado, conforme informou o promotor de Justiça Luiz Fernando Rossi Pipino. Os condenados permanecem detidos no Centro de Ressocialização de Sorriso.

Como o crime ocorreu
Segundo a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso, a morte aconteceu na madrugada de 7 de setembro de 2022, após uma discussão entre os três, que circulavam em uma camionete S10 pela área urbana de Sorriso. O desentendimento teria começado por um motivo banal, relacionado a gastos feitos horas antes em uma casa noturna.
As versões colhidas indicam que, após uma troca de provocações, Matheus e Richard deixaram Xuxinha sozinho na rua. A discussão prosseguiu por ligações telefônicas até que os dois retornaram ao local com o veículo e atropelaram a vítima.

O Ministério Público relata que, após o atropelamento, os réus desceram da camionete e continuaram a agredir Everton com chutes e socos. Em seguida, colocaram-no desacordado na carroceria e seguiram para uma estrada próxima ao Rodoanel. Uma testemunha que passava pelo local afirmou ter visto a vítima apanhar severamente.
Em outro ponto, distante dali, Everton — já sem condições de se defender — foi golpeado no pescoço com um canivete, o que causou sua morte por esgorjamento. Para tentar dificultar a investigação, os autores esconderam a arma na roupa íntima da vítima e jogaram o corpo no Rio Lira.
Investigação e desfecho
Depois do crime, os dois voltaram à kitnet onde viviam. Familiares notaram que chegaram sujos de terra e sangue. Eles alegaram ter ido ao rio e, posteriormente, lavaram as roupas e o veículo na tentativa de eliminar vestígios.
Uma testemunha que encontrou um documento e um chip de celular caídos durante as agressões entregou o material à polícia. O relato dela, que indicava a participação de dois agressores, ajudou a direcionar as investigações e embasar os pedidos de prisão preventiva.

O corpo de Xuxinha foi encontrado em 10 de setembro, no Rio Lira, próximo a uma ponte da MT-242, por um pescador que acionou a Polícia Militar. O município de Ipiranga do Norte, onde o corpo foi localizado, fica a aproximadamente 60 km de Sorriso.
No mesmo dia em que o corpo foi achado e com o mandado de prisão já expedido, Matheus e Richard se apresentaram à polícia em Comodoro, a cerca de 600 km de Sorriso. O sepultamento da vítima ocorreu no dia 12, em Adamantina.
Antes de o caso ser esclarecido, familiares dos três chegaram a publicar em redes sociais que eles estariam desaparecidos. A situação foi noticiada pelo portal Siga Mais em 9 de setembro.
Repercussão
A morte de Everton, que era domador de cavalos, provocou forte comoção tanto em Adamantina (35 mil habitantes) quanto em Sorriso (aprox. 120 mil).
Nas redes sociais, o promotor Luiz Fernando Rossi Pipino comentou o desfecho do julgamento, afirmando que “a justiça encontrou seu caminho” e que as duas cidades se uniram para honrar a memória da vítima. Ele destacou que a tentativa dos réus de apagar a história de Xuxinha “lançando-o às águas do Rio Lira” não teve êxito, pois a verdade prevaleceu.
Segundo o promotor, “nenhuma vida será esquecida quando o povo decide fazer justiça”.
Por: Redação – Informações e fotos: JK Notícias





