Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento (Mtb 35.079/SP.)
Existem pessoas que são difíceis de tolerar, definitivamente. E se fosse montado um ranking com essas pessoas, o boca-aberta e o narcisista rancoroso estariam nas primeiras posições. Como há algumas diferenças entre essas duas criaturas nefastas, vejamos quais são as peculiaridades de cada uma delas.
A primeira criatura, ao menos em tese, é menos perigosa. Segundo os dicionários, os bocas-abertas geralmente são pessoas com “qualidades” especificas. Vejamos algumas delas. Se surpreendem com tudo, são simplórios, patetas. Não têm discernimento sobre o que é certo, nem sobre o que é errado, são lerdos. Falam demais, são indiscretos. Não conseguem guardar um segredo, são pouco confiáveis.
Entretanto, apesar das “qualidades”, o boca-aberta, dependendo da circunstância, causa danos irreversíveis para a sociedade. Quando um boca-aberta resolve entrar para a política, por exemplo, a sua falta de discernimento e lerdeza de raciocínio podem complicar o futuro da população de uma cidade inteira. Como neste ano existem bocas-abertas de todos os tipos e para todos os gostos concorrendo na disputa eleitoral, todo cuidado ainda é pouco. Abram os olhos, senhores eleitores.
Deixando o boca-aberta (sim, no singular) de lado, vamos a segunda “espécie” de Homo sapiens difícil de lidar. Conforme os grandes psicanalistas, o narcisista rancoroso carrega consigo uma mistura de ressentimento, hostilidade, raiva e medo. Isso faz o dito cujo querer ter tudo sob o seu controle. No entanto, nunca se sente seguro no que faz e não aceita que os outros tenham opiniões diferentes. Como é muito limitado, o narcisista rancoroso dedica grande parte do seu tempo para criticar o trabalho das pessoas que ainda o tolera. Por conta disso, quero fazer dois alertas a essa criatura que se acha superior a tudo e a todos.
O primeiro alerta está no triste final do mito de Narciso, conforme publiquei numa pequena crônica, no Jornal Impacto, edição de 2 de setembro de 2005. Recordemos um pequeno trecho do aludido texto: “Um dia, ao sair para caçar, Narciso debruçou-se sobre a fonte Téspias, próxima ao monte Helican. Viu seu reflexo nas águas límpidas e apaixonou-se perdidamente. Não conseguiu tirar os olhos da própria imagem e ali morreu de inanição”. Fica a dica.
Já o segundo alerta, este é baseado na ciência e merece bastante atenção. Não só do narcisista rancoroso, mas de todos aqueles que carregam consigo a mágoa, a inveja, o ódio e o medo. Segundo os psicanalistas, a permanência deste estado mental (rancor) costuma provocar nas pessoas sérias consequências fisiológicas, inclusive danos cardiovasculares e inúmeras doenças autoimunes. Enfim, como bem disse Nietzsche, quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. Essa frase serve para os dois personagens.