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Fé na pandemia: Aparecida (SP) convive com desemprego, fome e incertezas

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Desde o início da pandemia, em março de 2020, a cidade de  Aparecida , localizada a quase 180 quilômetros da capital São Paulo vive dias muito diferentes. Sempre com missas sempre lotadas, estacionamentos repletos de veículos vindos de todos os cantos do país e milhares de pessoas peregrinando em busca de conforto espiritual ou pagando promessas, o Santuário está vazio. E diante deste triste cenário, o comércio agoniza.

O iG conversou com devotos de Nossa Senhora, frequentadores de Aparecida que sentem falta de visitar o local. E com pessoas cuja renda era ligada ao montante que girava em torno do Santuário dia após dia, especialmente nos feriados.

Gente como a aposentada Marlene Mendes, que costumava visitar Aparecida com frequência, junto a familiares e amigos. Há quase 40 anos, ela realiza excursões anuais para o Santuário.

“Saímos às 21h e chegávamos 4h da manhã do dia seguinte para assistir à missa. Tinha épocas que conseguia lotar dois ônibus. Infelizmente, deixei de ir ano passado e neste por conta da pandemia”, conta.

Não voltava para casa de mãos vazias. Sempre trazia algum presente para familiares. Imagem de santos, roupas ou até um lanchinho. Agora, só restam as esperanças de que tudo volte ao normal.

Dona Marlene tem 77 anos. E abre um largo sorriso ao lembrar das idas a Aparecida. Mostra fotos antigas e aponta a importância de cada pessoa nas viagens. As histórias têm sempre um capítulo especial: as doações à igreja.

“Nesses 40 anos eu vi de tudo. Eu, normalmente, doo R$ 10 para ajudar, mas tem fiéis que depositam R$ 100 ou R$ 200 de dízimo para à igreja”, conta.

Histórias também não faltam ao motorista Mauro Barroso. Lembra ter passado madrugadas em claro para deixar a turma no Santuário logo cedo. E só voltava no dia seguinte. Cada pacote custava, em média, R$ 600. A pandemia atrapalhou as contas da empresa.

“Estou parado há quase 1 ano e meio. Antes eu fazia 16 viagens por ano para Aparecida e por conta de o estado inteiro estar fechado, o setor de turismo foi muito atingido”, diz.

Devoto de Nossa Senhora

Sem poder vivenciar novas histórias dos passageiros, Barroso aproveita para recuperar na memória um episódio antigo, de quando nasceu. Devoto de Nossa Senhora Aparecida , o motorista não esquece de fazer uma fezinha quando vai à cidade santa.

“Quando nasci, tive uma parada cardiorrespiratória. Meu pai, devoto de Nossa Senhora, pediu para se fosse para meu bem, me levasse ou me deixasse aqui. Ela me deixou. Fui batizado no dia da santa e desde então levo devotos para Aparacida”, completa

As agências de viagens não foram as únicas a sentir os prejuízos da pandemia. O comércio de Aparecida também vê seu caixa vazio no fim do dia.

O depósito de gás do Igor Souza recebia grande demanda pelo produto, principalmente de restaurantes, que ficavam lotados antes da crise pandêmica. O lucro no fim do mês deu lugar ao prejuízo estimado em R$ 200 mil.

“Mais de 80% dos meus pedidos eram de restaurantes. Com a pandemia, perdi tudo. Tive uma redução brusca de pedidos”, conta.

Sem lucro, Souza precisou vender um de seus caminhões para arcar com dívidas com fornecedores. A empresa que passou por várias gerações da família há 37 anos, nunca passou por fases tão críticas como essa.  

“Não sou só eu. Várias pessoas aqui estão com dificuldades. Está tudo fechado e muito difícil para todo mundo. Nunca passamos por uma situação como essa”, ressalta.

Sem comércio, sem emprego

Cidade dependente do turismo religioso, Aparecida vive um dos piores momentos econômicos de sua história. Cerca de 70% da população está desempregada, sem dinheiro e com perspectivas negativas para os próximos meses.

O presidente da Associação Comercial da cidade, Reginaldo, explica as dificuldades dos comerciantes nesta época provocaram várias demissões e aumentou a incerteza sobre a situação econômica da cidade.

“Tivemos vários problemas, como diversas demissões registradas. Estamos em um patamar fora do comum. Dependemos da religião aqui e sem isso, não tem comércio”, afirma.

O aumento das dificuldades financeiras causou outro problema, ainda mais grave: A fome. Sem dinheiro para colocar comida na mesa, a população foi à prefeitura da cidade para pedir ajuda e encontrou na solidariedade de várias entidades do país a alternativa para resolver o problema.

“Recebemos diversas doações de vários cantos do Brasil. Com o que temos aqui dá para sustentar a população desalentada por três meses”, diz.

Igreja também sente

A reportagem entrou em contato com o Santuário de Aparecida do Norte e solicitou uma entrevista com representantes para comentar sobre as contas e as dificuldades da igreja durante à pandemia. No entanto, a assessoria de imprensa nos informou que não há interesse do Santuário em comentar o assunto.

Na condição de não gravar entrevista, conversamos com um funcionário do Santuário e dois comerciantes. Eles foram unânimes ao informar que há problemas de arrecadação na igreja com a falta do dízimo que era depositado pelos fiéis.

Futuro indefinido

Sem previsão de retomada da normalidade , o presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida, Reginaldo Leite, prevê demora para recuperar a economia da cidade.

“Não vejo uma rápida recuperação a curto ou médio prazo. Vamos precisar de muito trabalho e cuidado para conseguir nos recuperar deste tombo no comércio da cidade”, avalia.

Opinião compartilhada com o empresário Igor Souza. Ele acredita que as vendas só devem voltar à normalidade após a liberação total do comércio, mas lembra que ainda dependerá da confiança dos fiéis em sair de casa.

“É imprevisível. Pensar em retomar a normalidade de vendas apenas quando liberar todo o comércio e os fiéis tiverem confiança para visitar a Basílica. Caso contrário, a crise deve perdurar por mais um tempo”, ressalta.

Mas se uns estão comedidos com a retomada, outros estão esperançosos para voltar a visitar o Santuário. O motorista, Mauro Barroso, e a aposentada, Marlene Mendes, esperam poder retomar as visitas em breve e manter as tradições de exaltar a Nossa Senhora Aparecida.

“Temos que pensar positivamente. Acho que isso só será possível com a abertura das lojas e do próprio Santuário. Mas, claro, quero muito voltar à Aparecida”, diz Barroso.

“Ah, quero voltar a tradição. Já tomei a vacina e espero poder viajar de novo, juntar todo mundo e ir para lá. É um lugar que traz paz”, completa Marlene.

 

 

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ARTIGO: Santa Casa, FAl e Poder Judiciário

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Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento (Mtb 35.079/SP.)

No dia 9 de setembro de 2003, publiquei, no jornal Diário do Oeste, o texto Um pouco da história da Santa Casa, onde contava a história da entidade, da sua idealização à intervenção municipal ocorrida no início daquele mês. Recordemos alguns trechos do antigo escrito. A Santa Casa foi fundada no dia 1 outubro de 1952 por um grupo de pessoas preocupadas com a saúde da população. Em 1953, esse grupo enviou à Câmara Municipal, por intermédio do vereador Antônio Andrade, proposta de criar um imposto de Cr$ 2,00 por pé de café, para começar a obra. A justificativa para o imposto era o fato da população rural ser o dobro da urbana.

Os cafeicultores não concordaram com a proposta, e o mesmo vereador apresentou um projeto de lei criando um adicional de 10% sobre os impostos municipais, cuja arrecadação seria transferida para a Santa Casa. Consultados, os adamantinenses aprovaram o novo tributo, e assim nasceu a Lei Municipal 238/53. Em outubro de 1957, o prédio foi concluído e o Governo do Estado enviou os equipamentos para a Santa Casa funcionar. Faltava contratar o pessoal administrativo. Depois de muita insistência da Irmandade da Santa Casa (formada pelos seus idealizadores), o Bispo da Diocese de Marilia, Dom Hugo Bressane de Araújo, designou uma equipe de freiras da Ordem das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus para administrar a casa de saúde.

Em 7 de dezembro de 1957, finalmente aconteceu a inauguração da Santa Casa, com as irmãs missionarias assumindo a administração da entidade. Todas tinham curso superior nas áreas que atuariam e nada receberiam por seus serviços. Havia ainda um compromisso assumido pela Irmandade em 1953 que impedia o nepotismo e a politicagem na Santa Casa. O adicional de 10%, destinado à construção do prédio, pela Lei Municipal 210/61, passaria a ser permanente. Convênios com os governos estadual e federal, e muito controle e austeridade complementavam o orçamento. O banco de sangue dava lucro. O raio x também. O paciente que tinha condições de pagar pagava, quem não tinha não pagava, e o tratamento era igual para todos.

Tudo era feito em parceria entre as freiras e a irmandade, sob a supervisão do diretor clínico e do provedor. Mas, como nada é perfeito neste mundo, de vez em quando surgiam pequenas crises. Certa feita, algumas “pessoas” que queriam tirar proveito do empreendimento fizeram um grande movimento para desestabilizar um ex-provedor, chegando a ameaçá-lo de morte. Por sorte, essa tentativa de boicote foi superada sem maiores infortúnios e a Santa Casa seguiu o rumo traçado pelos valorosos pioneiros até 22 de outubro de 1988, quando o contrato com a Ordem das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus foi rompido.

Com o fim do contrato, o compromisso assumido pela irmandade da Santa Casa em 1953 deixou de ser cumprido. O nepotismo e a politicagem começaram a fazer história. E, ao que parece, o resultado disso foi o início da decadência que culminou na intervenção feita em 5 de setembro de 2003. Aqui encerro a narrativa extraída do texto Um pouco da história da Santa Casa. Entretanto, do longínquo ano de 2003 aos dias atuais, muita água passou debaixo da ponte. Vejamos.

Com o decorrer do tempo, as dificuldades na Santa Casa só aumentariam. Ocorreriam outras intervenções do poder público municipal e seriam realizadas algumas campanhas filantrópicas para evitar que a instituição fosse fechada. Para piorar, em 2011, por ser inconstitucional (como este humilde articulista já havia afirmado no texto Praças, Santa Casa e cinema, também publicado em 2003), foi revogada a Lei Municipal 210/61 que garantia a destinação do adicional de 10% dos impostos municipais à casa de saúde. Felizmente, novos personagens se tornariam protagonistas na luta contra o fechamento da Santa Casa e por uma saúde pública de qualidade em Adamantina.

Em janeiro de 2018, após grande esforço de autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público locais, a Santa Casa passou a ser administrada pela Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus. A gestão dos freis franciscanos melhorou/humanizou o atendimento à população e isso fez com que em janeiro de 2022 a Santa Casa fosse incorporada definitivamente à Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus. Com a incorporação, a entidade passou a ser denominada Santa Casa de Misericórdia de Adamantina na Providência de Deus.

Sempre lembrando que em 2015, enquanto a Santa Casa passava por uma das suas maiores crises financeiras, a FAl conquistava o curso de medicina. Isso gerou a expectativa de que em quatros anos a saúde pública mudaria da água para o vinho em Adamantina. Afinal de contas, o Internato Médico, obrigatório no curso de medicina, seria iniciado em janeiro de 2020 e iria ser um divisor de águas na saúde pública na cidade. No entanto, o internato foi para Araçatuba. Em seguida, para São Carlos.

No final de 2023, o Poder Judiciário, em Adamantina, julgou procedente Ação Civil Pública, proposta pelo MPSP, e proibiu a renovação do Termo de Colaboração para Internato Médico, assinado entre a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos e a FAI. A instituição recorreu da decisão e o caso tramita na justiça. Vale dizer que a FAl é uma autarquia municipal, criada em 1968, cuja mantenedora é a prefeitura de Adamantina. Traduzindo. Se um dia algo der errado com a instituição, o dinheiro para arcar com o prejuízo sairá dos cofres municipais, ou seja, do bolso dos adamantinenses.

Para encerrar, gostaria de fazer algumas perguntas à população da Cidade Joia. A Santa Casa e as unidades de saúde do município, mesmo com os grandes investimentos em infraestrutura dos últimos anos, não estão prontas para receber o Internato Médico? É justo a autarquia de uma cidade (que nasceu graças aos impostos pagos pelo povo desta cidade), investir na saúde da população de outra cidade? Por que o silêncio da mídia e dos pré-candidatos ao cargo de prefeito em torno de assunto tão importante? Existe alguma pressão corporativa impedindo que a discussão avance na sociedade adamantinense?

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Ônibus que transportava trabalhadores rurais tomba em Paranapanema

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Um ônibus que transportava trabalhadores rurais tombou na Estrada Rio Boi Branco do distrito Campos de Holambra, em Paranapanema (SP), na madrugada desta terça-feira (14).

Conforme uma das passageiras do ônibus, algumas pessoas foram socorridas e levadas até a UBS mais próxima pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Outras foram levadas por motoristas que passavam pelo local e viram o veículo tombado.

De acordo com os Bombeiros, uma equipe chegou a ser acionada, mas a solicitação foi cancelada após o Samu adiantar o resgate.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) também informou que o acidente aconteceu pois o motorista perdeu o controle da direção enquanto dirigia pela pista molhada. O ônibus transportava 42 passageiros, dos quais 14 se feriram.

Segundo os responsáveis pela UBS Onofre Leme de Almeida, ao menos 12 pessoas foram atendidas com ferimentos leves e outras duas precisaram ser transferidas devido a gravidade dos ferimentos para realizarem raio X.

O caso foi registrado como lesão corporal pela Delegacia de Paranapanema.

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Jovem morre em batida na estrada que liga Dumont a Ribeirão Preto

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Um jovem de 24 anos morreu em um acidente na tarde desta quarta-feira (15) na Rodovia Mário Donegá, entre Dumont (SP) e Ribeirão Preto (SP).

Segundo a Polícia Militar Rodoviária, o motorista do carro seguia no sentido Ribeirão-Dumont, quando teria invadido a pista contrária e batido de frente com o caminhão.

Com o impacto, o motorista foi projetado para fora do carro. De acordo com a polícia, a hipótese é que ele não usava o cinto de segurança no momento da batida. O caminhão só parou ao bater na defensa metálica.

O trecho é de pista simples e, de acordo com a polícia rodoviária, não é permitido ultrapassagem no local.

A perícia deve apontar as causas do acidente.

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