Uma breve análise sobre a instalação de gangorras na fronteira entre o México e os EUA
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“Em suma, você é apenas mais um tijolo no muro…”
Another Brick In The Wall (tradução) – Pink Floyd
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Dando uma vasculhada pela “rede”, me deparei com uma matéria bem interessante para atuais “tempos obscuros”. Esta destacava a criação de dois arquitetos, onde diversas gangorras acabaram sendo instaladas na fronteira entre os EUA e o México[1].
Pois bem, a referida obra surgiu segundo seus idealizadores como uma forma de “unir as pessoas por meio do lúdico”. E de fato, deu certo. Inúmeras são as fotos e postagens nas redes sociais, mostrando diversas pessoas nos brinquedos.
Em uma análise bem superficial, é perceptível e notório que tal ação foi motivada pelas falas do atual presidente estadunidense em sua campanha rumo à Casa Branca. Para quem não se lembra, a ideia de Donald Trump, “ainda não descartada”, era de se construir um muro na fronteira com o México.
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De fato, diariamente, milhares de latino-americanos tentam burlar a rígida fiscalização estadunidense e entrar ilegalmente no país. No entanto, fico a me perguntar: Até que ponto um muro ou uma cerca os impedirá? Será que novos “atravessadores” e “coyotes” não surgirão? De repente, novas rotas? Será que estamos voltando aos tempos da famosa “cortina de ferro” e de seu “Muro de Berlin”?
Tal protecionismo fronteirístico me fez lembrar da tão famosa Doutrina Monroe, onde o então presidente James Monroe, proferiu contra as nações da Santa Aliança (Aústria, Rússia e França), “América para os americanos”. Na época isso soou como uma fala contra o colonialismo, no entanto também era um disfarce para a defesa dos seus próprios interesses. Se atualizássemos as falas, penso que hoje ela soaria mais ou menos assim: “Os Estados Unidos da América para os estadunidenses”.
Enfim, com tal obra, ficam as reflexões, análises e ponderações sobre tudo isso. Que este mero brinquedo, que é a gangorra, possa demonstrar-lhes, que assim também é a história, com os seus altos e baixos, afinal, por um momento se está por cima e no outro por baixo.
Tiago Rafael dos Santos Alves
Professor e Historiador
Membro Correspondente da ACL
[email protected]