Uma breve reflexão sobre a história, seus personagens, seus contextos e quem sobre quem conta ou reconta os fatos
“O talento do historiador consiste em compor um conjunto verdadeiro com elementos que são verdadeiros apenas pela metade”.
Ernest Renan
No último dia 13, Adamantina completou 76 anos de emancipação político-administrativa. E nessas quase 8 décadas, muitas águas passaram debaixo da ponte. E como todo bom historiador, procurei relatar um pouco dessas “entrelinhas” em um de meus livros, “Breves ensaios sobre a história de Adamantina”, lançado em 2019.
Longe dos famosos jargões “pioneiro”, “bandeirante”, “colonizador”, “desbravador”, me afeiçoa mais a ideia do “outro lado da história”, o do “pobre”, o do “empregado”, o do “indígena”, o do “Seu Zé”, o da “Dona Maria”, entre tantos outros. Ou seja, o que procuro sempre, é ver uma “outra perspectiva da história”.
Já a história dita “oficial”, a vejo como algo “importante”, mas que nem sempre me soa como algo “puramente verdadeiro”. A considero apenas como um “recorte” da realidade. “Às vezes”, importante apenas para um determinado grupo ou pessoa, normalmente que está (ou esteve) no poder (político, econômico ou religioso).
Em ambos os casos, é preciso “problematizá-los”, ou seja, questionar, refletir, à luz do que foi feito e escrito em uma determinada época, a partir do que sabemos hoje, bem como os motivos que levaram a tal condição. No entanto, como se vê, nas “histórias oficiais”, restam apenas os “dados”, as “fotos”, as “datas”, os “nomes” e nem sempre as “fontes”.
E com isso chamo a atenção para a necessidade “urgente”, e não apenas dos munícipes adamantinenses, de gerarmos registros para a posteridade. Todo relato é importante, e toda fala traz um recorte da história. Façam um breve exercício mental, e vejam em vossas famílias quantos relatos já se perderam com a “partida” desse ou daquele ente querido. Garanto que já perdemos inúmeras “bibliotecas”.
Enfim, e não apenas nessas datas comemorativas, é válida a reflexão e a necessidade de reavaliarmos e problematizarmos nossa história. Afinal, “todos nós” a integramos e precisamos nos sentir representados.
Tiago Rafael dos Santos Alves
Professor / Historiador / Gestor Ambiental
Mestre em Ciências – PPGG-MP – FCT/UNESP
Doutorando pelo PGAD – FCE/UNESP



