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Credibilidade da Saúde fica abalada com interferência de Bolsonaro e desmonte de área técnica

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 Depois da saída de dois ministros da Saúde desde o início da epidemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu finalmente levar à pasta uma equipe alinhada com seus desejos: do tratamento com cloroquina à mudança na divulgação de dados da epidemia, o grupo montado pelo general Eduardo Pazuello, ministro interino, acata sem problemas as ordens presidenciais.

As mudanças na divulgação dos dados de novos casos e óbitos da epidemia, que jogaram o governo Bolsonaro de novo nos holofotes mundiais como uma tentativa de esconder a gravidade da epidemia foi, de acordo com uma fonte, mais um pedido do Palácio do Planalto. Primeiro, na mudança de horário, para as 22h —como o próprio presidente confirmou, para escapar do Jornal Nacional— e depois, para tentar mostrar que o número de mortes não estava crescendo como se dizia. No mês de junho, o país teve dois recordes seguidos de mortes, com 1.349 mortes registradas no dia 3 de junho e 1.473 no dia 4.

A repercussão negativa das alterações fez com que o ministério recuasse, e uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ministério voltasse ao modelo de divulgação completa. No entanto, essa foi apenas a mais recente mudança polêmicas na rota do ministério desde que Pazuello assumiu. A primeira delas envolveu a causa direta do pedido de demissão de Nelson Teich, que ficou menos de um mês no cargo.

Poucos dias depois da sua saída, Pazuello, mesmo antes de ser nomeado ministro interino, colocou na rua as orientações para uso da cloroquina no tratamento de casos iniciais da Covid-19, apesar da falta de eficácia comprovada para tratar a doença. Sem condições de fazer um protocolo médico com base científica, o ministério fez um “guia” para uso no Sistema Único de Saúde (SUS).

A complacência da nova equipe da Saúde tem ligação direta com o desmonte dos quadros técnicos de segundo escalão, na avaliação de fontes ouvidas pela Reuters. Com a saída de Henrique Mandetta, quatro de seus principais secretários deixaram os cargos logo depois da transição. Wanderson de Oliveira, então secretário de Vigilância em Saúde e principal nome no combate à epidemia, ainda permaneceu um período, mas saiu de férias e deixou definitivamente a pasta há cerca de duas semanas.

“Problema não era o ministro Teich, não era o ministro Mandetta, não era o Wanderson. O problema não eram as pessoas, era a versão dos fatos para se construir uma notícia. Estão usando da credibilidade do Exército para isso, e os militares estão se prestando a esse papelão”, disse à Reuters o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

De todos os principais cargos de segundo escalão do ministério, a secretaria-executiva foi confirmada nas mãos do coronel do Exército Élcio Franco e, na semana passada, um indicado do centrão, o professor de farmacologia Arnaldo Medeiros, passou a ocupar a Vigilância em Saúde. Um outro militar, o coronel Luiz Otávio Franco Duarte, foi nomeado para a Secretaria de Atenção Especializada em Saúde. Os demais ainda estão nas mãos de substitutos.

Outros cerca de 20 militares hoje ocupam vagas nas secretarias e na assessoria direta de Pazuello.

Em fala durante a reunião ministerial nesta terça-feira, Pazuello disse que toda a equipe está escalada e seriam todos médicos. As nomeações, no entanto, ainda não aconteceram.

“Eles desmontaram o ministério. Não procuraram pessoas com vocação para as áreas. Foi um negócio assim ‘temos aqui uns 30 generais, coronéis, vamos colocar esses 30 caras. E foram encaixando”, disse à Reuters uma fonte que acompanhou o processo de transição no ministério.

“Hoje a ação do ministério em relação à Covid, o que o ministro pensa sobre isso, qual a posição do ministério sobre isolamento, quarentena, o que se faz ou não, ninguém sabe. Nas entrevistas mandam alguém do 3º escalão que não tem poder nem dever de dar uma posição do ministério”, completou a fonte.

Pazuello, de fato, não costuma participar de entrevistas. Ainda como secretário-executivo de Teich, participou de algumas, mas não como ministro interino.

“Eu vejo como uma ocupação militar, não vejo como uma equipe de saúde. É uma equipe que não tem compromisso com a saúde, mas estão cumprindo ordens, estão em uma missão militar. É tudo para cumprir a missão de minimizar, diminuir, esconder, procurar passar a ideia de normalidade no país para que a economia possa voltar à ativa. Na cabeça dele (Bolsonaro), a economia justifica isso”, disse Mandetta.

“NÃO É O MINISTÉRIO”

Cloroquina, dados, tratamento precoce, e abandono da matriz de isolamento social foram algumas das medidas do ministério em direção ao que quer o presidente Jair Bolsonaro.

Na semana passada, Carlos Wizard, que atuava como conselheiro de Pazuello e seria nomeado secretário de Ciência e Tecnologia, anunciou à Reuters que o ministério iria passar a orientar que todas as pessoas com sintomas leves deveriam procurar unidades de saúde para que fossem tratadas imediatamente, inclusive com cloroquina. No dia seguinte a mudança foi anunciada oficialmente pelo ministério.

Wizard disse ainda ao jornal O Globo que o ministério faria uma recontagem dos mortos da Covid porque haveria indícios de que Estados estariam inflando os números para “receber mais dinheiro.” Os indícios apontam, na verdade, para uma subnotificação significativa no país. Os excessos nas falas fizeram com que o quase secretário desistisse de aceitar o posto.

Na avaliação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os desencontros dos últimos dias “foram muito negativos para todos”.

“O que eu acredito é que, até se restabelecer a confiança com o Ministério da Saúde, isso ainda vai levar alguns dias”, disse na terça-feira o presidente da Câmara, depois que Pazuello compareceu a audiência na Casa para prestar esclarecimento sobre a polêmica envolvendo os dados da Covid-19.

O ministério também abandonou o planejamento sobre isolamento social que foi iniciado na gestão de Mandetta e terminado por Teich. O texto previa medidas para se analisar a situação de Estados e municípios e etapas para abertura, e provocou uma crise com os secretários estaduais e municipais, que se recusaram a apoiá-lo diante da curva crescente de casos. Pazuello preferiu esquecer o assunto.

“O ministério está totalmente transformado em área de logística. Tem que comprar equipamentos de EPI, respiradores, tem logística para receber, distribuir, isso eles têm feito. Usam os aviões da FAB para buscar, para levar. Mas isso não é o Ministério da Saúde”, disse a fonte que acompanhou a transição no ministério.

“O ministério está totalmente paralisado. O resto tudo parou. Ninguém fala em assistência primária, tabela do SUS, vacinação foi uma briga para conseguir fazer. Não se fala em dengue, zika”, acrescentou.

O secretário-executivo do Conselho de Secretários Municipais de Secretários de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, afirma que a relação com o ministério melhorou com a saída de Teich e a chegada de Pazuello, mas analisa apenas as medidas em relação a distribuição de equipamentos e materiais.

“Desde a entrada do ministro Pazuello a relação melhorou. Estamos conseguindo ser ouvidos e sermos atendidos nos nossos pleitos”, disse. “Os municípios têm demandado, e da mesma forma os Estados, e têm conseguindo receber semanalmente respiradores e outros equipamentos. A alocação tem sido dialogada com os secretários.”

O sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária lembra, no entanto, que o ministério não é apenas logística.

“O problema é que o ministério não é de logística, é de saúde. Como está a atenção primária, secundária, transplantes?

Eles têm mais de 20 oficiais do Exército lá. É gente que entende de logística, mas não de assistência saúde. Isso deve ter alguma gravidade. Não duvido da boa vontade dos militares, mas saúde não é algo simples”, disse à Reuters.

Vecina lembra que o ministério tem se afastado da liderança do combate à epidemia, um papel que deveria ser seu.

Mandetta vai mais além: o ministério estaria perdendo um espaço e uma credibilidade construída em anos de trabalho técnico.

“O ministério perdeu credibilidade e a partir daí qualquer instituição passa a ser autoridade”, disse o ex-ministro. “Nós estamos nos autodeclarando párias internacionais.”

Procurado, o ministério não respondeu às questões enviadas pela Reuters.

OUTRO MINISTRO

Na reunião ministerial de terça, transmitida ao vivo pela TV Brasil, Pazuello falou longamente sobre as ações do ministério. Rebateu a ideia de que o ministério esteja querendo rever os dados de mortalidade ou esconder números, e que os dados estarão “100% disponíveis”. Mas admitiu que quer mudar a forma de registro dos óbitos para o dia em que ocorreu para que seja possível ter a “verdadeira curva” da epidemia.

Pazuello falou de vacinas, de distribuição de equipamentos, justificou a mudança de protocolo para que as pessoas procurem um médico no início dos sintomas —esperar agravar para buscar o hospital é uma “péssima ideia”, disse—, mas não citou isolamento, quarentena ou outras formas de distanciamento.

Sua atuação agrada ao presidente. Bolsonaro voltou a repetir na terça-feira que Pazuello fica no ministério, mesmo que o “interino” ainda seja mantido ao lado de seu nome. A razão tem mais relação com a carreira do general que com os desejos do presidente.

General da ativa, Pazuello já avisou no ministério que precisa deixar o cargo e voltar ao Exército em agosto, para não prejudicar sua carreira. Até agora, o governo não tem nenhum nome para substituí-lo, mas é provável que, em meio à pandemia, o Brasil passe a ter um quarto ministro em pouco mais de seis meses.

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ARTIGO: Brasil unido para aliviar o sofrimento do povo gaúcho

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Por Alexandre Padilha

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mobilizou todo o esforço do governo federal para ajudar nossos irmãos gaúchos que sofrem com as terríveis consequências das chuvas no Rio Grande do Sul. Logo após o anúncio da situação no estado, equipes e profissionais de todos os Ministérios entraram em ação em parceria com governo do estado e as prefeituras para salvar vidas e conter os danos causados, em um estado constante de solidariedade e vigilância. 

As forças de segurança e defesa civil nacionais se somaram as forças dos outros estados e estamos vivendo uma grande mobilização nacional, em harmonia federativa, e uma sala de situação foi instalada no Palácio do Planalto, todos com um só objetivo: aliviar o sofrimento do povo gaúcho.

Estive com o presidente Lula no último fim de semana em visita as áreas do estado atingidas e o presidente foi enfático ao dizer “Não haverá impedimento da burocracia para que a gente recupere a grandiosidade desse Estado”. 

Nós, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, criamos um corredor expresso de emendas de resgate emergencial para o Rio Grande do Sul. Fizemos uma reunião com a bancada gaúcha de deputados e senadores e com o Congresso Nacional para azeitar nossa ideia de como agilizar a liberação dos e recursos.

Nesse momento, serão destinados R$1,3 bilhão em emendas parlamentares para os municípios gaúchos, destinados para ações emergenciais nas áreas da Saúde e Defesa Civil. O governo federal já realizou o pagamento de R$ 542 milhões e outros R$246 milhões já foram processados e devem ser pagos ainda nesta semana.

Também serão antecipados mais R$480 milhões de transferências especiais, que são aquelas emendas que os parlamentares indicam direto para o Fundo de Participação dos Municípios, e de R$62 milhões de emendas de comissão.

Parlamentes de outros estados nos procuraram a fim de direcionar parte de suas emendas para o Rio Grande do Sul e o pedido foi prontamente aceito pelo presidente Lula.

A liberação dessas emendas permite que os municípios possam usar esses recursos para várias ações de resgate. Essa mudança emergencial na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi aprovada em tempo recorde pelo Congresso Nacional e é a resposta célere de uma instituição preocupada em atender às demandas urgentes da população gaúcha.

Nós vamos abrir uma janela para que os parlamentares possam reorientar as suas emendas. Só da bancada gaúcha, R$ 448 milhões de ações já inscritas no orçamento federal que poderão ser deslocadas para as áreas da Defesa Civil, Saúde ou Assistência Social.

Estamos na força tarefa de fazer com que essa antecipação e alteração na LDO ajude o mais rápido possível a população do Rio Grande do Sul. Não vamos medir esforços para resgatar a dignidade do povo gaúcho e reconstruir esse estado tão importante para o nosso país.

 

*Alexandre Padilha é médico, professor universitário, ministro das

Relações Institucionais da Presidência da República e deputado federal licenciado (PT/SP). Foi Ministro da Coordenação Política no primeiro governo Lula, da Saúde no governo Dilma e Secretário da Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.

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ARTIGO: Jacarés-açus na espreita

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Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento (Mtb 35.079/SP.)

Desta vez o assunto é sério e merece atenção. Nem todo mundo sabe, mas o jacaré-açu é um dos maiores e mais temidos animais da Amazônia. Pode ultrapassar os seis metros de comprimento e pesar mais de 500 quilos. Na infância, se alimenta de pequenos animais, com preferência para insetos, caramujos e caranguejos. Quando adulto, o cardápio muda. Agora é a vez de degustar peixes, tartarugas, capivaras, sucuris, onças e até mesmo um ou outro pescador/ribeirinho mais desavisado.

O bicho, por sinal, nada simpático, pode passar dos 100 anos de idade e tem algumas características marcantes. Se a fome aperta, não hesita em comer os filhotes da própria espécie. Também é diferenciado na velocidade. No encalço de uma presa, consegue atingir espantosos 60 quilômetros por hora. Para efeito de comparação, o recorde do jamaicano Usain Bolt é de 44 quilômetros por hora. Portanto, se encontrarmos um jacaré-açu às margens de um rio e ele estiver de barriga vazia, adeus mundo cruel. Mais perigoso que o famoso réptil, só o seu parente que entrou para a política. Explico.

Durante uma seca prolongada, um jacaré-açu, revoltado com as ações devastadoras dos negacionistas climáticos, deixou o seu habitat e se mudou para a cidade. Lá, viu na política uma ótima oportunidade para melhorar de vida. Frio e calculista, não demorou para fazer carreira. Começou como cabo eleitoral e logo virou assessor parlamentar. Muito dedicado no que fazia, em pouco tempo aprendeu os principais segredos do oficio. Dai para se candidatar ao cargo de vereador e ser eleito, foi um pulo.

Sendo muito astuto, o jacaré-açu criou algumas estratégias para se manter no poder. Ter o controle de uma ou mais siglas partidárias, foi uma delas. Com isso, sempre é reeleito vereador. Em períodos pré-eleitorais, por exemplo, ele sempre busca filiar em seu partido filhotes de répteis de outras espécies. Depois que os objetivos são atingidos, os devora sem dó nem piedade. O canibalismo ocorre porque o jacaré-açu tem receio que surjam novas lideranças na sua base eleitoral.

Acontece que não é só no canibalismo que o brutamontes mantém as tradições dos ancestrais. Na resistência física, a história se repete. Ele continua tendo a força e a agilidade dos parentes que ficaram na Amazônia. Para se ter uma ideia, num mesmo dia, o jacaré-açu vai num campeonato de truco, passa por um torneio de futebol, participa de um jogo de damas e ainda consegue tempo para postar as selfs que tirou nos eventos (para deleite dos fiéis seguidores) nas suas redes sociais.

Pobres calouros da política (calanguinhos verdes, lagartixas e teiús) que estão sonhando com uma cadeira no Poder Legislativo. No dia 7 de outubro, haverá muitas lágrimas nas casas dessas criaturas inocentes. Além de não serem eleitas, elas irão dar mais um mandato de vereador ao famigerado réptil (os minguados votos que elas receber, vai ajudá-lo a conquistar a vaga pelo quociente eleitoral). O jogo na política é bruto, e os jacarés-açus (isso mesmo, no plural) estão na espreita em todas as cidades da Nova Alta Paulista. Só não enxerga, quem não quer.

 

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Carreta dos Correios com doações para o Rio Grande do Sul tomba na Bandeirantes no interior de SP

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Uma carreta dos Correios carregada com doações para as vítimas dos temporais que assolam o Rio Grande do Sul tombou na noite desta quarta-feira (8) na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), na altura de Santa Bárbara d’Oeste(SP). Houve derramamento da carga na pista.

A tragédia no Rio Grande do Sul provocou 100 mortes até esta quarta-feira (8). O estado registra 130 desaparecidos e 374 feridos e há 230,4 mil pessoas fora de casa.

De acordo com a AutoBAn, concessionária que administra a via, houve registro de uma vítima leve. Segundo o Samu, o motorista da carreta não se feriu.

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