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ARTIGO: O clima não espera o próximo mandato: desafios e omissões na Nova Alta Paulista

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“Quando uma cidade deixa o clima para depois, o depois costuma chegar antes”.

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Entre reuniões e acordos (fechados ou não!), dizem que a COP-30 será histórica, a conferência capaz de redefinir os rumos do clima e enfrentar a urgência que já virou parte do cotidiano nos jornais e afins. Mas, aqui na Nova Alta Paulista, onde a terra vermelha carrega tanto memória quanto desgaste, surge uma pergunta que não se cala: o que nossos governantes locais/regionais estão fazendo para que a região não fique, mais uma vez, olhando o debate de fora da janela?

Porque a relevância da COP-30 ninguém discute! Mas relevância, sozinha, não arruma estrada esburacada, não recupera nascente, não impede loteamento em área de risco, não planta árvore em área de preservação, não fiscaliza quem desmata no silêncio das madrugadas. Essa é a parte que cabe a prefeitos, vereadores, gestores públicos, aqueles que, no dia a dia, decidem o destino real do território!

A Nova Alta Paulista não é coadjuvante no debate climático. Tem potencial produtivo, diversidade ambiental, uma juventude inquieta e universidades que pesquisam o que o clima já vem anunciando. Mas esse potencial vira retórica vazia quando nossos governantes tratam a agenda ambiental como enfeite de fim de mandato ou como capítulo “menos urgente” frente às disputas eleitorais.

A COP-30 pode e deve ecoar por aqui. Mas, para isso, os gestores públicos precisam abandonar o discurso fácil da “sustentabilidade de panfleto de campanha” e assumir responsabilidades concretas: política ambiental integrada, planejamento territorial sério, incentivo à agricultura de baixo impacto, fortalecimento das defesas civis, criação de comitês locais/regionais de clima, escuta ativa das comunidades tradicionais e investimentos que durem mais que um mandato.

Porque ninguém espera que prefeitos e câmaras municipais resolvam o aquecimento global. Mas espera-se, sim, que parem de agir como se não tivessem nada a ver com ele!

A região conhece bem as consequências de decisões mal tomadas: cursos d’água assoreados, microbacias fragilizadas, calor cada vez mais agressivo, eventos extremos que transformam o previsível em susto! E, enquanto isso, muitos líderes locais seguem acreditando que o problema está sempre “lá fora”, em Belém, Brasília ou nos organismos internacionais, nunca nos seus gabinetes.

Só que está! A mudança começa aqui! No orçamento das prefeituras, no Plano Diretor, na fiscalização efetiva, na escuta da população, na coragem de contrariar interesses quando necessário. E talvez seja isso que ainda nos falte: governantes que entendam que não se governa o futuro ignorando o hoje.

Se a COP-30 será histórica, que nossos líderes não sejam meros espectadores! Que entendam que discutir clima não é luxo e nem moda é sobrevivência! E que uma região que sofre com as dores do presente tem o direito (e o dever) de exigir ser parte da solução!

A Nova Alta Paulista pode ser protagonista. Mas, como em toda boa história, isso depende de quem segura a caneta do capítulo local/regional.

 

 

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor da Rede Estadual de SP / FADAP/FAP – Tupã

Historiador – nº 0000486/SP

Gestor Ambiental: CREA-SP nº 5071624912

Mestre pelo PPGG-MP – FCT/UNESP

Doutorando pelo PGAD – FCE/UNESP

E-mail: tiagorsalves@gmail.com

 

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