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Representação visual da SP-294, antes da duplicação: memória e registros da paisagem regional

Está previsto para os próximos meses o início das obras de duplicação da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), no trecho que compreende o recorte espacial da Nova Alta Paulista, entre Herculândia e Panorama.

Durante vários anos, provavelmente, essa obra de engenharia se constituirá na principal alteração da paisagem regional, daí a necessidade de se registrar a atual caracterização visual do espigão que abriga esse eixo rodoviário.

Para isso, o movimento sociocultural Latitude 21, a Rede de Educação Ambiental da Alta Paulista (REAP, com sede na Unesp, Câmpus de Tupã) e o Projeto Nossa Gente (desenvolvido pelos cursos de História e Geografia do Centro Universitário de Adamantina), solicitaram à concessionária Eixo-SP (executora das obras de duplicação), que registrasse imagens inéditas da fase atual.

As imagens foram geradas com uso de drone, em junho de 2023, pelo técnico Edmilson Rocha, sob supervisão do responsável pelo Departamento de Meio Ambiente da concessionária, Gabriel Bispo.

“Esta narradora participou da ação, no trecho referente ao município de Adamantina. Nos foram entregues 763 fotografias inéditas, que serão disponibilizadas para a comunidade regional de duas maneiras: em vídeo e num site. Uma delas é por meio do vídeo SP-294 em imagens, disponível em https://www.youtube.com/watch?si=ClvnVnjyauZEZBap&v=aTITce_ToXY&feature=youtu.be. Nele constam breve caracterização técnica e o histórico do personagem que a nomeia. As ilustrações retratam as entradas das 16 cidades diretamente servidas pela rodovia, no trecho delimitado”, contou a Prof.ª Dra. Izabel Castanha Gil.

Segundo ela, o acervo de fotografias será disponibilizado num site em fase de desenvolvimento, criado com a finalidade de compilar informações relevantes para a comunidade regional. Prevê-se o seu lançamento nos próximos meses.

Vídeo

O vídeo tem como fundo musical a obra “Interflúvio”, cuja letra é de Izabel Castanha Gil, melodia de Kleberson Calanca e voz de Raquel Fernandes. A palavra interflúvio significa relevo ou área elevada entre dois cursos de água ou dois vales, remetendo à construção do eixo rodoviário no espigão divisor Aguapeí/Peixe. No poema, a autora faz alusão à experiência pessoal de quem nasceu e vive nessas paragens, mantendo uma relação de afeto e pertencimento a essa área tão peculiar do território paulista.

Para Kleberson, “a composição procura retratar, em sua narrativa musical, as correntezas dos três rios que delimitam a Nova Alta Paulista. Na introdução, a escala desce em harmonia, refletindo a tranquilidade e a breve sinuosidade dos dois rios laterais. As notas fluem de maneira sinuosa, encontrando pequenas variações melódicas ao longo do caminho, até convergirem para uma nota comum. No entanto, essa convergência não ocorre na nota tonal da peça, mas sim na nota da sua dominante. Esse ponto musical, apesar de dar a sensação de chegada, não é o destino final, assemelhando-se ao encontro de um rio que, ao desaguar, se prepara para uma nova partida ou um novo recomeço”.

A história

Natural de Jaú, João Ribeiro de Barros, personalidade que nomeia a rodovia, descendia de família rica e vendeu a sua parte na herança para comprar o hidroavião italiano Savoia-Marchetti, modelo S-55, de madeira, em precário estado de conservação, para realizar o seu intento. Segundo o Centro de Memória da Câmara Municipal de São Paulo, “aos 27 anos, tornou-se, em 1927, o primeiro piloto das Américas a liderar uma travessia aérea do Oceano Atlântico, sem escalas, nem ajuda de navios. Além disso, foi vereador integralista na capital paulista por 20 dias”.

A nomenclatura das rodovias segue padrões de engenharia, que as identificam com siglas e números. O prefixo SP indica que se trata de rodovia estadual; a centena 2 indica o seu traçado no sentido leste/oeste e os dois últimos números (94) indicam a sua posição na circunferência que delimita a geometria do transporte rodoviário paulista, cujo centro situa-se na Praça da Sé, em São Paulo. Assim, a SP-294 constitui-se numa rodovia radial, que conduz à capital, seguindo traçado no sentido leste/oeste.

Sua origem remonta à expansão da cultura cafeeira, no início do século XX. Concebida para atuar em paralelo à Ferrovia Paulista, em seu tronco oeste, sua abertura antecipou a construção da linha férrea e permitiu a entrada de grandes fluxos demográficos responsáveis pela formação de dezenas de cidades.

O nome Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros foi instituído pela Lei nº 9.850, de 26 de setembro de 1967, assinada pelo então governador Roberto Costa de Abreu Sodré. Ela inicia-se em Araraquara, no quilômetro 347, e termina em Panorama, no quilômetro 686, percorrendo 338 quilômetros.

Trajeto

Seu trajeto, no entanto, apresenta algumas particularidades. Entre Araraquara e Jaú, mantém-se o nome, porém sua especificação é SP-255. Entre Jaú e Bauru, sua especificação é SP-225. Em Bauru, a partir do entroncamento com a rodovia Washington Luiz (SP-310), inicia-se a denominação SP-294, mantendo-se o nome nos três trajetos.

Na Nova Alta Paulista, ela liga Herculândia (Km 510) até Panorama (Km 685), num total de 175 quilômetros. Os municípios diretamente servidos pela SP-294, nesse trajeto, são Herculândia, Tupã, Iacri, Parapuã, Osvaldo Cruz, Lucélia, Adamantina, Flórida Paulista, Pacaembu, Irapuru, Junqueirópolis, Dracena, Tupi Paulista, Santa Mercedes, Pauliceia e Panorama. Os outros 14 possuem ligações rodoviárias com o tronco por meio de rodovias transversais, como a SP-425 (rodovia Assis Chateaubriand), SP-501 (rodovia Júlio Budiski) e SP-563 (rodovia General Euclides Figueiredo). O fluxo entre essas cidades é complementado por rodovias vicinais, caracterizando uma área bem servida por estradas de rodagem.

Composta por trinta municípios, onde vivem cerca de 390 mil habitantes (IBGE, 2022), e sem reconhecimento oficial como região administrativa, o contexto histórico e geográfico que a caracteriza, levou a população a autodenominar-se Nova Alta Paulista.

Uma particularidade dessa área é que, à exceção de Herculândia, os 29 municípios situam-se no paralelo 21, inspirando o nome de um amplo movimento sociocultural denominado Latitude 21.

Cumprindo o seu papel histórico-social, os proponentes dessa ação disponibilizam informações relevantes à comunidade regional e agradecem à concessionária Eixo-SP pela geração e cessão das fotografias.

 

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