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ARTIGO: Entre Utopias e Distopias contemporâneas

Um breve relato sobre a obra Utopia de Thomas More e os dias atuais

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“Um governante que vive solitariamente no luxo e nos prazeres, enquanto à sua volta todos vivem em meio ao sofrimento e lamentações, estará atuando antes como carcereiro do que como um rei. Tal como um médico incapaz, que não sabe tratar de um mal senão por um mal maior, o soberano que só sabe governar seus súditos privando-os de todas as comodidades da existência, reconhece abertamente que é incapaz de comandar homens livres.”

Thomas More

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Nos últimos dias dos atuais tempos vacinais e obscuros, ainda aguardamos ansiosamente a “vacina”, seja ela qual for! Por outro lado, continuamos a vivenciar as famosas falas ditas e desditas (e agora apagadas), em meio a alta cúpula de Distopia.

E por falar de tal localidade, me sobreveio a lembrança do filósofo Thomas More (ou Morus) (1478-1535), que em sua obra clássica tratou de uma ilha, a qual denominou de Utopia, uma espécie de lugar ideal, se opondo a realidade a qual vivenciara na Inglaterra à época.

Sobre tal obra escreve Marconatto de forma bem elucidativa:

Ela se divide em duas partes, na primeira chamada de Cidade Real o autor faz uma análise crítica sobre a economia e a política da Inglaterra de sua época. Nessa análise More se posiciona contra a pena de morte para os crimes de furto, que tinham aumentado devido ao desemprego e à fome causada pelo aumento da produção de lã para as indústrias têxteis. A causa de toda essa situação de pobreza e criminalidade é a propriedade privada e More propõe a sua abolição e a divisão dos bens materiais de forma igualitária. (Negrito nosso)

E continua:

Na segunda parte do livro More descreve a Cidade Perfeita existente na ilha Utopia, que se assemelha à Inglaterra. Na Utopia a propriedade privada é proibida por lei e o cultivo da terra é feito em intervalos de dois anos por qualquer cidadão. Todos tem que trabalhar no mínimo 6 horas por dia e um lugar de destaque é dado ao estudo de ciência e de filosofia. (Negrito nosso)

Sobre as citações acima é bem interessante notar que em meio ao séc. XVI, já haviam pensadores, como More, que vivenciavam problemas semelhantes aos nossos e propunham alternativas. Algo que infelizmente estamos indo na mão contrária dos dias atuais. Basta olhar as “redes antissociais”!

Em meio a esta ou aquela polarização política, tudo virou “mimimi”, “coisa de esquerdista”, “comunismo”, etc. No entanto, em meio a tanta “informação” descarregada pelas ditas redes, ainda perecemos pela falta do “conhecimento”.

Enfim, em meio a atual Distopia, infelizmente continuaremos a vivenciar isto e mais aquilo, por aqui e ali, com a “galerinha do alto escalão”. No entanto, como sabemos a “esperança é a última que morre”. Quem sabe, um dia vivenciaremos a tão sonhada Utopia de Thomas More. Que assim seja!

 

Tiago Rafael dos Santos Alves

Professor, historiador e gestor ambiental

Mestrando em Geografia pela FCT – UNESP

Membro correspondente da ACL e AMLJF


 

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